Com o pedido de publicação, recebeu o “Palhetas” a carta que se segue de uma assinante devidamente identificada (I.C.) e representando várias dezenas de pessoas com queixas similares:
Paróquia de Buarcos está a envelhecerEstá na hora de dar voz às pessoas, saber ouvi-las, aproveitar as suas próprias experiências e assim aproximá-las mais umas das outras.
“As crianças são o melhor que o Mundo nos dá”. São o futuro. Assim, temos de as saber encaminhar, ajudá-las e não as decepcionar.
Ora, e neste campo, a paróquia de Buarcos precisa de evoluir e ter uma mente mais aberta pois só assim será possível a paróquia crescer em união.
Desde há muito que as regras e as intransigências estão a afastar muita gente da igreja, sobretudo as crianças, devido a coisas difíceis de entender:
1ª) Exigir a uma mãe que case pela igreja senão o seu filho não será baptizado; 2ª) O padrinho ter que ser casado pela igreja… e este até aceitar o facto…com o caricato de o sr. padre fazer primeiro o baptizado e só depois o casamento… ou seja, afinal sempre foi padrinho sem ser casado!!
3ª) Afastaram por completo catequistas exemplares apenas por não terem um diploma ou um curso, dando lugar a outros que, embora com esse curso, não conseguem ter a verdadeira sensibilidade para ensinar a palavra de Deus;
4ª) “Exigirás crianças que vão à missa” – Sim… é uma exigência, senão chegam à 1ª Comunhão ou à Profissão de Fé e não autorizam este passo tão importante para a criança e para a família, não olhando sequer para a decepção e para o trauma psicológico que causam às crianças!
5ª) O distanciamento e a frieza de certas catequistas para com a família. Ao invés de convívio, há regras que são para cumprir !! Afinal Deus ensina assim!? Não, pois não!? Deus ajuda, encaminha, perdoa e procura reunir todos os irmãos.
Estas situações na igreja de Buarcos são tristes. Na casa de Deus, onde nos devíamos sentir acolhidos, acabamos por nos sentir excluídos devido a tanta incompreensão.
I.C.--------------------------------------
Esta situação foi também dada a conhecer ao Bispo de Coimbra D. Albino Cleto em carta enviada no passado dia 14 de Maio, de onde se retiraram os três excertos que se seguem:
(…) No domingo de 6 de Maio de 2007, estando eu de férias, fui com a minha filha à missa de Domingo, em Buarcos. No final falei com o catequista “J” a respeito da Profissão de Fé e fiquei estupefacta quando este me disse: “-A sua filha veio à catequese, está preparada, passa de ano, mas derivado a não vir à missa não faz a Profissão de Fé, ainda tenho que falar com “N” e com o senhor padre e depois digo-lhe alguma coisa”.
Fiquei sem palavras! Falei novamente com “J”, com “N” e com o senhor padre mas a resposta foi sempre a mesma. E eu pergunto-me porque não contactaram de alguma forma comigo!? Se não tivesse ido falar com “J”quando é que eu teria tido conhecimento do que se estava a passar!?
(…)A igreja segue a lei de Deus ou a lei das suas próprias conveniências!? Sim, porque em Buarcos tudo aponta para a segunda hipótese. Não sou a única a constatar isto, já várias pessoas se afastaram da paróquia de Buarcos. E eu pergunto, senhor Bispo: “-Isto é justo?”
É assim que Deus ensina? Deus ensinou-nos a acarinhar, a ajudar, a perdoar, a reunir todos os nossos irmãos… mas a paróquia de Buarcos faz o contrário!
(…) Não consigo perceber como é possível a minha filha ter a catequese, dizerem estar preparada, passar de ano… mas não lhe ser permitido fazer a Profissão de Fé por não ter sido assídua à missa! A igreja consegue conviver com tanta injustiça? Não é o que Deus ensina !!
Qualquer dia a paróquia de Buarcos está envelhecida… e as nossas crianças a seguirem outros caminhos.
I.C.
Um comentário:
Lá diz o velho ditado: "Não há Sábado sem sol, nem Domingo sem MISSA, nem Segunda sem preguiça". Não sou muito conhecedor das diversas religiões que por aí proliferam - e cada vez há mais, GRAÇAS A DEUS. Mas creio que nas outras religiões também existem preceitos que se deverão cumprir à risca - o dízimo, as cerimónias utra-tradicionais que perduram nos tempos, as rezas que se fazem por obrigatoriedade (mas também por devoção, acredito) viradas para este ou aquele lado, desta ou daquela maneira. Já para não falar naquelas onde vigora o extremismo, porque aí, então, até se morre pela Causa Divina. Agora, creio que o princípio basilar de um bom cristão é participar na cerimónia de todos os Domingos - e isto deve ser algo que se deve transmitir de pais para filhos, de avós para netos. De outra forma, onde se poderão ir buscar os ensinamentos de Deus para depois os aplicar nas nossas vidas? Ser Cristão não será tão-somente praticar o bem mas, muito mais que isso, aderir às boas causas e aos preceitos da nossa fé. Saiba-se, pois, que a missa do Domingo é algo de fundamental não só por aquilo que representa - a Última Ceia de Cristo, onde o Pão se reparte por todos os Irmãos de Fé - mas também por ser ela o fulcro da congregação da Comunidade Cristã onde as pessoas se reunem para escutar a Palavra de Deus - e friso bem o termo "escutar" -, para depois praticá-la e difundi-la. É um momento de encontro fraterno. Ir à igreja não será o mesmo que ser Igreja. E este ensinamento deve ser fornecido desde tenra idade. O que será mais importante? Ter o rótulo da Profissão de Fé ou saber-se que se foi merecedor de tal distinçao? Agora, não digo com estas palavras que tudo será bom na Comunidade de Buarcos, ou melhor dizendo, nos meandros da igreja de Buarcos. Existem, de facto, "extremismos" que podem e devem ser alvo de moderação. O facto da criança não ir à missa a Buarcos não impedirá que ela possa ir à missa a outro local paroquiano, com os seus familiares, pois está claro! E será que essa situação é contemplada em Buarcos? Aqui é que coloco as minhas reticências. A Comunidade que se diz aberta a todos, muitas vezes não o será. Não procura! Não vai ao encontro de... É, muita vezes, segregadora e capelista, em vez de unificadora e lata. É ditosa de princípios mas falha na prática dos mesmos. Burbulhosa em contos e ditos. Ávida de conhecer a vida do próximo e crítica contra quem não é seguidista ou se desvia um tudo nada do pensamento de alguns. Mas... esse alguns têm fortes motivos para se reservarem porque, também humanos, falharam, falham e falharão. Sabiam, por exemplo, que pelo menos em tempos de outrora, os retiros de Fátima eram também uma forma de se deviarem os jovens da participação nos festejos carnavalescos? Sabiam também que a árvore de Natal não era vista por alguns paroquianos com bons olhos? Posteriormente houve uma ligeira alteração de opinião no que a este assunto diz respeito e então tenha-se a árvore mas "faça-se um presépio, ou coloque-se a Sagrada Família num lugar de destaque porque a festa é do Menino Deus" - esta opinião já teve melhor aceitação. Quantas foram as vezes que se andou à caça ao acólito por esses pub's e discotecas fora, algo que nos nossos dias é corriqueiro de se fazer nem que seja para aliviar do stress de uma jornada de trabalho fatigante? E questões relacionadas com o aborto?!? Gostaria, de facto, que o sr. padre pudesse emitir uma opinião aprofundada e esclarecedora acerca deste assunto, tão caro para alguns.
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