Doutor Arnaldo
1916 / 2008 = 92 anos
As saudades da casa (tasquinha) que foi a mais conhecida e apreciada da Figueira da Foz.
1916 / 2008 = 92 anos
As saudades da casa (tasquinha) que foi a mais conhecida e apreciada da Figueira da Foz.
Arnaldo Saltão nasceu em 26 de Fevereiro de 1916 (pois é, faz esta 3ª feira 92 anos!) oriundo de uma família humilde. Como tal, e após ter tirado a então 5ª classe, cedo começou a trabalhar.
Começou por ganhar 38 escudos por mês e percorrido diversos empregos, desde marçano, carvoeiro, servente de pedreiro, vidreiro, vassoureiro...
Foi a pequena tasca dos grandes acontecimentos, das fortes amizades, de inesquecíveis momentos bem acompanhados de um "tintol" de barril ou do "branco" do lavrador. Das conspirações contra a ditadura reinante e do calar de boca quando entrava aquele tipo da "PIDE", que todos os anos ali passava férias! Tudo isto "intervalado" com uns quentinhos pasteis de bacalhau, uns carapaus, petingas, pataniscas ou ossos cozidos... (...e como a água já me cresce na boca!).
Duas quadras de Fausto Caniceiro da Costa ilustram o que aqui escrevemos:
Nos belos tempos de outrora
Dizem ter sido ele o inventor do vinho verde à pressão. Com a intenção de melhor servir os seus fregueses apreciadores de vinho branco verde, resolveu aplicar-lhe a fórmula do processo utilizado para a cerveja, e começou a tirá-lo à pressão! Acertou em cheio, pois as vendas subiram em flecha, chegando mesmo a vender dez barris por dia! Claro está que a concorrência pegou-lhe
Começou por ganhar 38 escudos por mês e percorrido diversos empregos, desde marçano, carvoeiro, servente de pedreiro, vidreiro, vassoureiro...
Em 1943, com 27 anos, estabeleceu-se por conta própria, abrindo uma tasquinha no Bairro Novo, aquela que se tornou bem afamada pelos seus petiscos, saborosos e baratos, e frequentada não só pelos figueirenses, mas por doutores, artistas, romeiros, veraneantes, trabalhadores das docas,
governadores civis, pedreiros, estadistas, e por muitos espanhóis que, ano após ano, não dispensavam nas férias as idas diárias ao frequentado "consultório" para curar as suas maleitas! Muitos acompanhados da esposa e filhos, pois ali tudo entrava, comia e falava, o respeito sentia-se, a educação imperava.Foi a pequena tasca dos grandes acontecimentos, das fortes amizades, de inesquecíveis momentos bem acompanhados de um "tintol" de barril ou do "branco" do lavrador. Das conspirações contra a ditadura reinante e do calar de boca quando entrava aquele tipo da "PIDE", que todos os anos ali passava férias! Tudo isto "intervalado" com uns quentinhos pasteis de bacalhau, uns carapaus, petingas, pataniscas ou ossos cozidos... (...e como a água já me cresce na boca!).
Duas quadras de Fausto Caniceiro da Costa ilustram o que aqui escrevemos:
Nos belos tempos de outrora
Havia no Bairro Novo
Um "consultório afamado"
Um "consultório afamado"
Onde ía muito bom povo.
Lá se curavam maleitas
Com muita amizade e calor
E muitas vezes lá fui
Para dar de beber à dor!
Lá se curavam maleitas
Com muita amizade e calor
E muitas vezes lá fui
Para dar de beber à dor!
Dizem ter sido ele o inventor do vinho verde à pressão. Com a intenção de melhor servir os seus fregueses apreciadores de vinho branco verde, resolveu aplicar-lhe a fórmula do processo utilizado para a cerveja, e começou a tirá-lo à pressão! Acertou em cheio, pois as vendas subiram em flecha, chegando mesmo a vender dez barris por dia! Claro está que a concorrência pegou-lhe
na ideia e, na época, era verem-se letreiros em todas as tabernas e tascas anunciando: "Aqui há vinho verde à pressão"!
Em Dezembro de 1988, uma comissão encabeçada por António Fiel da Silva, António Neves e António Valdemar Fernandes organizou uma homenagem para lhe agradecer os inesquecíveis momentos passados, onde largas dezenas de amigos e clientes confraternizaram num almoço, muitos vindos de longe, até mesmo de Espanha, com a presença de duas famílias.
Terminamos este escrito com um trecho de um artigo escrito em Janeiro de 1995 por A. M. Fonseca:
"Do espaço que foi a sua tasquinha estou certo que não sou o único a sentir saudades e boas recordações.
Ainda mais agora, que a rapaziada se acotovela na penumbra das discotecas cujo ruido jamais deixará alimentar uma conversa ou cimentar uma amizade, e se afoga em bebidas esquisitas que nada têm a ver com aquele verde à pressão ou com o palhete do Carvalhal então servidos na tasca do ti Arnaldo, saborosos acompanhantes de uma patanisca de bacalhau ou de um naco de
queijo da serra, imprescindíveis alimentadores de animadas e subidas dissertações que, por vezes, um copito a mais dava o tempero tão necessário à eloquência!
1916 / 2008 = Arnaldo Saltão = 92 anos de vida. E que conte mais aqueles que Deus lhe permitir.
Em Dezembro de 1988, uma comissão encabeçada por António Fiel da Silva, António Neves e António Valdemar Fernandes organizou uma homenagem para lhe agradecer os inesquecíveis momentos passados, onde largas dezenas de amigos e clientes confraternizaram num almoço, muitos vindos de longe, até mesmo de Espanha, com a presença de duas famílias.
Terminamos este escrito com um trecho de um artigo escrito em Janeiro de 1995 por A. M. Fonseca:
"Do espaço que foi a sua tasquinha estou certo que não sou o único a sentir saudades e boas recordações.
Ainda mais agora, que a rapaziada se acotovela na penumbra das discotecas cujo ruido jamais deixará alimentar uma conversa ou cimentar uma amizade, e se afoga em bebidas esquisitas que nada têm a ver com aquele verde à pressão ou com o palhete do Carvalhal então servidos na tasca do ti Arnaldo, saborosos acompanhantes de uma patanisca de bacalhau ou de um naco de
queijo da serra, imprescindíveis alimentadores de animadas e subidas dissertações que, por vezes, um copito a mais dava o tempero tão necessário à eloquência!
1916 / 2008 = Arnaldo Saltão = 92 anos de vida. E que conte mais aqueles que Deus lhe permitir.
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